22 dezembro, 2012

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Depois do fim do mundo acabar e de as mortes serem apenas as estritamente programas para acontecerem com a naturalidade de até então, lembrei-me. Nunca me vou ver livre de ti, tal como nunca me vi livre dos que me invadiram o coração e nele instilaram uma mistura de amor com podridão, ao que eu chamaria inocentemente de veneno. O ideal era só restar o amor, puro e intocável, desejável e de sobra, um veneno  que fosse como o sangue, útil. O teu caso é diferente, obviamente. A podridão apoderou-se do outro elemento, que era suposto existir numa quantidade maior, mais real, e o meu músculo cardíaco, já não sei com o que é suposto ele rimar.