23 agosto, 2011

É qualquer coisa

O estar prestes a fazer algo tão importante que não sei como o meu coração não me salta pela boca, o comer uma travessa de caracóis sem me importar com os dedos lambuzados, o ir no carro com os amigos e cantarolar em conjunto as músicas de que gostamos, o dormir com alguém pensando ao mesmo tempo na pessoa com quem queria realmente estar, a partilha de sussurros cúmplices no meio da estrada e no início da madrugada, a sensação de desconforto após dormir numa viagem de carro, o estômago a contorcer-se com falta de comida, o choro que vem com os filmes que me tocam sem haver explicação, as dores de barriga das gargalhadas dadas com as pessoas de quem mais gosto, a preguiça de ir estudar sabendo que é isso que tenho mesmo de fazer, a esperança de que um dia tudo o que sonho irá ser verdade, o gozo que me dá de dar trela a quem sei que nunca irá ter nada de mim, o sentir a água rodear todo o meu corpo que fica fresco e como novo, as letras das músicas que descrevem tudo o que não tenho coragem ou que não posso dizer, o desespero que vem sempre a qualquer altura e que me consome até não aguentar mais, as saudades que nunca mais acabam, a incerteza de pertencer aos lugares por onde ando, a certeza de que se um dia correr mal poderei mudar tudo ou quase tudo.