21 dezembro, 2012

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Por breves momentos, de longe a longe, a sensação de uma doença mental assombra-me a consciência. É uma sentença deveras cruel, deveras inoportuna. Mais do que uma doença física, em que a dor do corpo se penetra na mente, parece-me o inferno mascarado de saúde. Sinto-me demente, julgo eu, quando os meus olhos se enublam e me mostram uma realidade que pode não ser completamente real. Como um sofrimento, não dos neurónios, mas das suas próprias ligações, que deturpam e conspurcam as sensações corporais e nos levam a criar outros mundos. Serão das histórias de terror, dos livres cheios de romances impossíveis, dos filmes de criminosos inteligentes, das bandas sonoras que fazem rolar lágrimas, ou ainda, inevitavelmente, da subconsciência criada no avançar do tempo, da idade, da maturidade... ou da área de estudos tomada com posse. Se um dia me tornar algo fora de mim, pelo menos, um dia cheguei a ter noção de que a linha que separa a sanidade da loucura é extremamente frágil, diria até inexistente. Mas para quê de tudo isto? Para nada, diria eu.