30 julho, 2012

Tertuliano

Tertuliano arrepende-se, mas só agora. Esta coisa, que lhe está a tirar a vida, fez com que olhasse para a sua vontade. Ela nunca foi avantajada desde que se soube o que havia de ser o seu futuro. Antigamente, quando ainda tinha força nas canelas e palavreado na garganta, todo ele era vontade de continuar. Agora as canelas rendem-se aos lençóis e a garganta a ser comida. Tertuliano arrepende-se agora, mas só agora, de não ter enfrentado os seus medos. Ele sabe que deveria ter lutado, de armas e bagagens. Deveria ter-se erguido e enchido o peito, gritar ao seu mundo que tudo iria ficar bem. Não deveria ter-se acomodado. Tertuliano arrepende-se, mas só agora, de ter dado, como presente, os seus medos a quem reza por ele. Deu a si próprio a espera de chegar à próxima fase, que será a última.