29 março, 2012

Disco externo

Quando precisas de ir buscar o disco externo, já sabes que vais acabar por mergulhar nas coisas que já esqueceste e que adoras relembrar. É instantâneo, mal acabas de ver o que te levou ali, veste inundada de coisas antigas. Pessoas que já se foram, palavras que te magoam, lugares que sabes que já não são teus, sorrisos que te fazem chorar, brincadeiras que te provocam as maiores gargalhadas. E dói tanto. Dói ver as pessoas que um dia abraçaste e chamaste de eternas. Algumas provam-te que são duras de roer e que persistem. Mas as outras, criam-te um buraco no coração, mais uma vez. E, por fim, acabas por ver o quanto mudaste. Já deixaste os óculos para andar por casa, já retiraste o aparelho dos dentes, já tens o cabelo comprido e macio, já tens o peso dos vinte anos e a consciência de mais vinte para te avisar que o tempo está a passar e que, em alguns aspectos, fraquejaste e deixaste-os por aprofundar.