22 janeiro, 2012

Teias

Nunca te deste ao trabalho de pensar nas pessoas por quem vais passando. Julgo eu? Sais de um para o outro, passas de tijolos a paredes, largas os teus bens, largas o seguro e dás asas ao incerto. E não sentes pena, não sentes culpa, remorsos ou saudades. Constróis tudo de novo, de raiz, deixas tudo crescer até aos fins dos inúmeros ramos. Dás o matrimónio por vencido, chegas a colher o fruto e ter cuidado para que ele não apodreça. E depois? Fazes com que tudo se degrade, lentamente, às vezes, do dia para a noite. Ninguém sabe o que te vai na alma, no pensamento. Nem os teus olhos conseguem ser sinceros, só a tua boca sabe reagir. Ou direi mentir? Mas as tuas irmãs, que são quem mais te apoiam, são quem mais te conhecem. E elas sabem, claro no escuro, que nunca irás terminar de erguer e destruir castelos. É o que melhor sabes fazer, safas-te tão bem, imaginam elas que sentimentos terás por isso. E terás rugas, dificuldade em andar, o peso dos anos irão fazer tuas costas dobrar, mas nunca deixarás de ter teias na manga. A tua estratégia, a destes tempos, está quase completa. Mas por favor, não destruas os teus frutos. São a coisa mais bonita que poderias ter feito, deixa-os ser livres de mentiras e ser presos à verdade.