05 junho, 2011

Verdade seja dita

Tanta coisa mudou desde que vim para Lisboa. Sinto-me outro alguém que não tem passado próprio, mas que anda a partilhar as memórias de outra pessoa. Verdade seja dita, enquanto uns ficaram pelo caminho, outros já escreveram o seu nome num pedaço de mim e se declararam donos desse. Mas a distância é tanta, de mim e dos outros, dos novos e dos antigos, que chego a sentir ciúme da pessoa que fui e das pessoas que tive. É tanto o esforço para olhar para dentro e perceber que não estou a viver em vão, que não estou a perder as pessoas que considerei mais minhas do que de ninguém. Digo em voz baixa que tem de ser, que tudo vai voltar ao normal quando terminar o primeiro ano e voltar a viver na terra em que nasci e me viu crescer. E rezo, rezo muito, para que nenhuma promessa feita seja quebrada e me quebre o pouco que de mim vai restando. Rezo mais ainda para que não me arrependa das decisões que tomei e dos laços que criei. Mas verdade seja dita, nunca fui de andar satisfeita.