02 fevereiro, 2011

Continuar igual

D. Queta tinha noção, sabia e entendia, não se lhe colocavam dúvidas. Tudo se lhe simplificava à sua visão, como um puzzle de duas peças. No entanto, imaginava e perdia-se de pálpebras baixas. De olhos fechados, por mais que se tente ver, não se consegue. Avisavam-na e D. Queta não queria saber. Continuava. E mais tarde se arrependia. Era de facto difícil aceitar que já não eram mais os mesmos jovens de ontem que alto se riam e muito se mexiam. Deixaram já para trás as risadas cúmplices e os olhares entendedores. Eram-se agora velhos, frios e calculistas, que já não sabiam falar sem pensar nem divertir ao sentir. E D. Queta sabia, que um dia, tudo poderia... continuar igual.