01 dezembro, 2010

Noite

Naquela noite, ela sentia-se sozinha por dentro da multidão. Não se ouviam as vozes, a música no volume máximo só permitia perceber a leitura dos lábios e um pouco dos gritos que se berravam no ouvido. Mas ela nada percebia, sabendo perfeitamente quem queria ouvir. Até que a coragem conseguiu sair do cofre onde estava confinada, não a deixou pensar, nem reflectir, nem perceber. E quando deu por isso, ela estava ao lado dele. Ambos caminhavam para algum lugar, longe dos outros, longe dos medos, longe das incertezas e das barreiras. Estavam juntos e era assim que lhes sabia bem estar. Mas depressa as horas passaram, o dia chegou, outra noite voltou, outro caminho juntos percorreram. E ela voltou para casa, derramando lágrimas e dizendo adeus à última vez que o vira.