28 dezembro, 2010

Há muito

O ventro uiva lá fora, move-se depressa, não vê por onde anda. Entra pelas frinchas das janelas com o mesmo à vontade com que entra em minhas cavidades. Ressoa cá dentro. Sai e volta a entrar. Diverte-se. Não me importa mais. Meu amor há muito que se fora embora. Estou vazia. Perdi todos os encantos que poderia um dia saber que tive. Já nem o frio me faz sentir dor. Há muito que deixei de sentir. Há muito que deixei de saber como é ter sangue a correr nas veias.