22 novembro, 2010

Questões

E depois há aqueles dias em que estamos com um pé no certo e outro no errado, em que fomos divididos ao meio e não sabemos a que lugar queremos pertencer. Devería-me preocupar quando o meu cérebro pára em certas frases ou me leva para outro lugar ao qual nunca mais vou pertencer. Deveria até sentir-me estranha dentro do meu corpo quando o toque, que a minha mão sente, não é o toque que eu quis provocar. Tenho a percepção, em certas alturas do dia, especialmente nas horas em que as minhas pernas adormecem a caminhar ou nas horas em que os meus olhos se perdem no ponto a fixar, de que estou fora desta caixa e que sou leve, quase invisível, como uma pena que esvoaça e nada tem. Nestas alturas, não me agarro às incertezas e volto à realidade, dizendo a mim mesma que não posso enlouquecer. Mas pergunto-me, tantas e tantas vezes, que coisa me faz andar aqui, por quem me levanto de manhã, por que razão me canso a viver. Não obtenho resposta. E continuo com o que estava a fazer, sem pensar que as perguntas vão voltar outra vez.